sábado, 27 de maio de 2017

A amamentação #2

Como já referi num outro texto a amamentação para mim não foi uma coisa nada fácil. Comecei a dar de mamar assim que a Mafalda nasceu e digamos que foi uma experiência completamente diferente do que eu achava que iria ser. Em primeiro lugar aquilo doía para caraças! Pareciam agulhas a espetarem-se nos mamilos...era terrível!

Entretanto, os dias foram passando, mas a dor, ao contrário do que me tinham dito, continuava. Eram tão fortes que eu nem conseguia ter o soutien em contacto com o mamilo. Comecei então a pesquisar a respeito da amamentação. Ao início as dores eram apenas no mamilo, julgo que da fricção que a bebé fazia, mas depois passaram para dentro da mama. Todos os fóruns, grupos de FB, etc. enalteciam a amamentação e toda a gente dizia que era mágico, maravilhoso e ali estava eu que detestava amamentar, que tinha dores horríveis e que começava a achar que não iria aguentar nem mais um dia quanto mais até aos 6 meses. Estava quase a desistir!

Decidi, quase obrigada pelo pai da bebé, a ir a uma CAM (Conselheira de Aleitamento Materno) para ver o que se passava. Na minha cabeça eu tinha que estar a fazer alguma coisa mal. Talvez a pega do bebé não fosse a correta, talvez a posição estivesse mal...Vi imensos vídeos no youtube, li imensa coisa, experimentei diversas técnicas, mas nada parecia resultar. Eu tinha que estar a fazer alguma coisa errada.

A CAM viu-me a amamentar, disse que a pega estava perfeita e que não percebia o que se estava a passar. O bebé também estava a engordar bem, estava saudável, não havia razão para eu estar a sofrer tanto. Em conversa com ela expliquei o tipo de dor que sentia: um ardor que vinha de dentro e que não me deixava dormir ou fazer fosse o que fosse após dar de mamar. Ela diagnosticou-me uma candidíase mamária. "O quê?!?", mas como era possível isso acontecer?

O primeiro passo era então tratar a maleita. Como queria evitar tomar químicos, porque essas coisas passam pelo leite, a CAM passou-me uma mezinha caseira que pus logo em prática. Caso funcionasse veria os efeitos em pouco tempo, caso não resultasse teria aí sim que tratar com medicação.  Felizmente funcionou logo e passado dois dias já sentia melhorias. Sentia-me outra! Continuava com dores, mas nada que se comparasse, e passado umas duas semanas estava finalmente bem. Só partir daí, passados quase 3 meses da bebé ter nascido, é que comecei a ter prazer em dar de mamar. Afinal dar de mamar era bom, era ótimo, uma sincronia perfeita!

E aqui estamos, passados quase 8 meses de Mafalda, a amamentar e a gostar. Nunca mais tive dores e consigo finalmente perceber como isto da amamentação é muito bom. Nunca pensei que fosse sofrer tanto, mas a verdade é que deveria ter sido vista por um profissional assim que comecei a reparar que a dor não era normal. Não o fiz e tudo isto se foi arrastando para uma situação intolerável. Agora eu e ela estamos bem e sinto-me feliz por não ter desistido. Talvez por ter passado por tudo isto aproveito cada momento como se fosse único e, muito sinceramente, acho que vou ter saudades quando for altura de deixar de amamentar (e sim, mesmo tendo que acordar 3 ou 4 vezes por noite para o fazer!)

Adoro estar a dar de mamar e olhar para a minha bebé e decorar-lhe todas as feições. Isto não dura para sempre e daqui a nada ela não vai querer maminha ou eu irei fartar-me, não sei. A outra bem dizia que "primeiro estranha-se e depois entranha-se", eu confirmo.

Claro que este percurso não o fiz sozinha. O pai da Mafalda foi o meu pilar, foi o meu porto seguro e a ele agradeço todo o apoio, todos os abraços de consolo quando a dor era insuportável e claro, ter sido persistente e teimoso ao ponto de me obrigar a ir falar com alguém. No curso de preparação para o parto lembro-me que a enfermeira referiu que isto de amamentar é feito a três: o bebé, a mãe e o pai. Todos temos um papel fundamental e esta família é a prova viva disso. :)

 

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